O que se espera da reunião do Copom desta semana

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26 de outubro de 2022

O que se espera da reunião do Copom desta semana

Mercado, unânime, espera manutenção da Selic em 13,75%.

Conversamos com três especialistas do mercado financeiro sobre suas expectativas para a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, desta semana.

Segundo o último boletim Focus, o mercado financeiro tem a expectativa de que 2022 feche com uma Selic de 13,75% e uma inflação de 7,15%. Para 2023, as expectativas são de 11% e de 5,33%, e para 2024, 7,75% e 3%, respectivamente. A última reunião do Copom em 2022 está marcada para os dias 6 e 7 de dezembro.

A penúltima reunião do Copom em 2022 reserva menos suspense e deve vir sem surpresas. Nós acreditamos que a manutenção da Selic em 13,75% é o cenário mais provável, em linha, inclusive, com o senso de mercado, que é unânime em indicar essa manutenção.

Através da última leitura do IPCA, nós temos um contexto mais benigno da inflação, embora a deflação tenha arrefecido e, muito provavelmente, nós tenhamos nesta semana a primeira leitura positiva do IPCA-15 ao longo dos últimos três meses. De toda forma, a abertura do índice já apresenta indícios que corroboram o cenário de manutenção da Selic. Além disso, a atividade econômica já está perdendo força, o que contribuiu para a desaceleração da inflação.

O Copom deve aproveitar a oportunidade para reforçar o compromisso com a vigilância. No comunicado do último encontro, o comitê já havia trazido a mensagem de que caso a trajetória prospectiva da inflação fuja dos trilhos, ele poderia promover uma nova alta da Selic. Contudo, este não é o nosso cenário base, já que acreditamos que a taxa de 13,75% é o pico desse atual ciclo de alta.

Provavelmente, o próximo ajuste será uma redução da taxa em meados de 2023.

A minha expectativa, e a do mercado, é que o Copom mantenha os juros em 13,75%. Vai ser a 2ª reunião consecutiva de juros estáveis. O BC encerrou o ciclo de aperto monetário na última reunião e, desde então, não há razão para retomar um ciclo de alta.

Nos últimos três meses, o IPCA veio com deflação. Na base anual, a inflação também tem recuado de forma importante. Quando a gente observa as medidas de núcleo, a inflação de alimentos e até de serviços têm dado sinal de arrefecimento. O cenário de inflação tem melhorado desde a última reunião.

O real tem se mostrado resiliente aos choques externos, aos ruídos do mercado inglês de títulos e a alta dos treasuries americanos não tem afetado tanto como tem afetado outras moedas emergentes. A razão para isso é que o resultado da eleição para o Congresso foi visto como positivo para a perspectiva de aprovação das reformas a partir do ano que vem. A gente vai ter um Congresso mais de centro-direita, com um perfil mais liberal, e isso favorece a aprovação da reforma administrativa, que ajudaria a reduzir o risco fiscal, e da reforma tributária, que melhoraria a produtividade.

Em linhas gerais, o que temos visto é uma melhora do cenário inflacionário prospectivo no país. Não à toa, as expectativas de inflação no Focus estão recuando, tanto para horizontes mais curtos, como este ano, como também para médio e longo prazo, ou seja, 2023 e 2024.

 

Não há razão para o BC retomar um ciclo de alta de juros, mas, obviamente, um corte de juros seria prematuro, dado que a inflação ainda se encontra em patamar elevado e há riscos no horizonte, como a Guerra na Ucrânia, que pode trazer novas pressões altistas para o preço do petróleo no mercado internacional.

O BC deve reforçar um compromisso com o regime de metas de inflação, indicando que se houver deterioração no cenário prospectivo, ele não vai relutar em retomar o ciclo de alta. Contudo, isso parece pouco provável.

Para 2023, eu trabalho com o cenário de corte de juros a partir de maio, com a taxa recuando para 10,75%.

Para esta reunião, esperamos que o Banco Central mantenha a taxa básica de juros em 13,75%. Como o ambiente inflacionário segue pressionado, acreditamos que o Banco Central deve manter a Selic no atual patamar para conter a inflação.

Como o Banco Central sempre utiliza como base a curva de juros do boletim Focus, acreditamos que a taxa Selic comece a cair a partir do segundo semestre de 2023.

As projeções do Banco Central esperam uma inflação de 6,8% para este ano, de 4,6% para 2023, e de 2,7% para 2024, sinalizando um IPCA dentro da meta já no ano que vem, e abaixo do centro da meta daqui a 2 anos, caso os dados e as projeções atuais do Banco Central se concretizem.

 

 

 

Fonte: Monitor Mercantil/ Coordenação: Jorge Priori