Trabalhar em conjunto e cooperando é fundamental para combater a fraude no setor bancário. Nesse sentido, a Resolução Conjunta nº 6, de 23 de maio de 2023, instituiu que as instituições devem compartilhar entre si, por meio de sistema eletrônico, dados e informações relativos a indícios ou ocorrências de fraudes. O Banco Central estabeleceu as regras para as instituições compartilharem informações sobre indícios de irregularidades. A troca de dados deverá acontecer por meio eletrônico em até 24 horas contadas da identificação da tentativa de fraude.
“O primeiro ponto é reforçar que continuamos em uma cruzada; o tema que está longe de acabar, não são ações pontuais. Já existe arcabouço normativo no Banco Central tratando do tema, temos de nos preocupar em como fazer o gerenciamento e em como a fraude vai impactar o sistema financeiro”, apontou Belline Santana, chefe do departamento de supervisão bancária do Banco Central do Brasil, ao participar do painel “Evolução normativa para prevenir fraudes eletrônicas e lavagem de dinheiro”, no 1º Congresso de Prevenção e Repressão a Fraudes, realizado em São Paulo nesta terça e quarta-feiras (7/5 e 8/5).
Belline Santana apontou que, no âmbito da resolução nº 6, perto de dez provedores trabalham em conjunto, mas ainda falta uma mudança cultural. “O assunto de fraude é problema do sistema. Grande parte do mercado já está usando a base de dados, fazendo o compartilhamento de informações, mas ainda existe um número que, percentualmente é pequeno, mas em um ambiente de fraude impacta. Precisamos deixar claro que se trata de um processo que, se tivermos algumas instituições que viabilizem a fraude, perderemos”, destacou Santana.
Adriano Volpini, diretor do Itaú e moderador do papel, acrescentou que, quando há um golpe, o prejuízo recai na sociedade inteira que acaba lesada por isso. “Quando temos a troca de informação mais construtiva, todos nós vamos ter ambiente para fazer negócios muito melhor. E as bases vêm do intercâmbio de informações de maneira estruturada”, disse.
Indo além do “consta e nada consta”, Luis Gustavo Lara Rosenburg, da Quod, apontou que levar mais informações para o mercado financeiro agrega mais valor. “Desenvolvemos um escore de proteção, que é a propensão ou não daquela transação ou abertura de conta ser uma ação de alto, médio ou baixo risco. Isso faz com que a instituição tenha mais informações. Não existe bala de prata. Estamos dando mais munição para as estratégias estarem conectadas”, explicou.
A resolução, conforme pontuou Antonio Marcos Fonte Guimaraes, consultor do Banco Central, não é um arcabouço que visa a fomentar a competitividade. “Se você tem um ambiente robusto e o vizinho não, todos perdem. É importante que haja engajamento das instituições”, assinalou.
Fonte: Convergência Digital | Por Roberta Prescott