Brasileiros importaram mais de US$ 16 bi em criptoativos e pequenas encomendas no ano

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29 de novembro de 2022

Brasileiros importaram mais de US$ 16 bi em criptoativos e pequenas encomendas no ano

Mudanças de hábito, tecnologia e redução de impostos estão entre os fatores que trouxeram US$ 11 bi em importações diretas em 12 meses

O potencial da abertura do comércio no Brasil ao mundo foi notado nos dados divulgados pelo Banco Central nesta segunda-feira (28), por meio da balança comercial.

De janeiro a outubro, os brasileiros importaram mais de US$ 16 bilhões em criptoativos e pequenas encomendas, enquanto exportaram US$ 3,7 bilhões desses mesmos itens.

De acordo com relatório Setor Externo Outubro 2022, do Inter, a discrepância entre a balança comercial calculada pela Secex (Secretaria de Comércio Exterior) e a calculada pelo Banco Central foi de US$ 14,2 bilhões. Essa diferença se dá principalmente pela negociação internacional de bens de pequeno valor, via encomendas, e investimentos em criptoativos.

Esse montante se dá devido à metodologia de cálculo em que os órgãos adotam para controlar a movimentação financeira de importação e exportação no Brasil. A Secex captura importação e exportação por meio do processo alfandegário, o que passa no porto e na alfândega com todo o processo de documentação tradicional de importação.

Já o Banco Central faz uma captura mais abrangente, pois consegue fazer o monitoramento pela movimentação de câmbio, resultando em uma aferição mais abrangente.

O Banco Central é responsável pela divulgação do balanço de pagamentos que inclui não só a balança comercial – calculada também pela Secex – mas também os serviços (viagens, transporte, seguro, fretes, remessas de dividendos, tecnologia, etc).

A economista-chefe do Inter, Rafaela Vitória, explica que, desde 2020, começou no Brasil esse movimento de importação de encomendas de pequeno valor – como o BC está chamando – que são as compras de sites estrangeiros, como o Shopee, Shein, Ali, etc.

O consumidor compra diretamente do site e a entrega é feita diretamente na casa dele. “O brasileiro vem amadurecendo com as compras online, além de ter tido mudança de tecnologia, na qual permite o consumidor acessar lojas fora do Brasil e fazer transações com cartão”, diz Vitória.

Segundo o relatório do Inter, o crescimento das importações a partir de 2020 tem despertado atenção, especialmente em um país com economia relativamente fechada e onde a pauta de substituição de importações orientou por muitos anos os planejadores de política econômica. “No ano, as importações devem chegar a US$ 270 bilhões, marcando novo recorde. E ocorre em meio a um cenário de desvalorização do real de cerca de 30% desde 2019”.

Na visão da economista-chefe do Inter, o avanço das encomendas internacionais é uma pequena amostra do como pode ser uma abertura comercial no Brasil. “Bem ou mal, está liberando o comércio, mesmo com os pequenos valores e com o câmbio desvalorizado”.

Vitória considera esse movimento como positivo para o brasileiro, pois é uma oportunidade de se consumir com baixo custo. “Dessa forma, economia do Brasil ganha justamento no controle da inflação, pois abre o comércio do país para produtos de valor menor. A família brasileira pode consumir mais, gastando menos”, destaca.

O Brasil tem uma tradição de olhar a importação de uma maneira negativa, desde a década de 80. Atualmente, existem várias políticas para barrar a importação, como o controle de tarifas e políticas de proteção da indústria local. “Isso deveria ser visto de outra forma, pois fechar a economia brasileira, pois aumenta a competitividade internamente”, pontua Vitória.

Quando se abre o Brasil para fora, na opinião da economista, abre também o mercado para exportação. “Enquanto se libera o país de importar mais, abre também um cenário de exportar mais. Vimos hoje uma corrente de comércio bater recordes em 2022, porque exporta mais e importa mais. Isso é colocar o Brasil no comércio Global de maneira intensa”, ressalta.

 

Importação no Brasil

Dados do Banco Central mostram que número de importações de pequeno valor via encomendas internacionais e operações por meio de facilitadora de pagamentos, como as compras feitas por brasileiros em sites de outros países, aumentou 100 vezes em 10 anos.

Em 2013, elas somaram US$ 83 milhões, saltando para US$ 8,49 bilhões neste ano, no período entre janeiro e setembro (último mês com números divulgados).

Em relação ao ano passado, quando foram US$ 5,67 bilhões, 2022 registrou um aumento de quase 50%. Se considerado apenas o período de janeiro a setembro de 2021, quando foram US$ 3,92 bilhões, a alta chega a 116%.

Fonte: CNN Brasil Business por Diego Mendes