Balança comercial volta a ficar no azul no Paraná

Home  / Notícias   /  

Notícias

12 de janeiro de 2016

Balança comercial volta a ficar no azul no Paraná

Alta da cotação do dólar e redução das importações de produtos acabados pela queda do poder aquisitivo do consumidor dão ao Estado melhor resultado em cinco anos

 

Com a escalada da cotação do dólar, o saldo da balança comercial paranaense voltou a ficar positivo pela primeira vez em cinco anos. A diferença entre exportações e importações ficou positiva em US$ 2,460 bilhões no ano passado, resultado bem diferente do obtido em 2014, quando foi negativo em US$ 963,692 milhões, conforme dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). 
A queda da atividade econômica pelo menor consumo interno, além da valorização do dólar diante do real, fez com que as importações tivessem queda significativa entre os dois anos, de 28,0%. As exportações também diminuíram, mas somente 8,7%, o que permitiu o resultado positivo. Ainda, como há uma refinaria da Petrobras em Araucária, a retração de US$ 1,972 bilhão para US$ 1,112 bilhão, ou 43,6%, na compra de combustíveis e lubrificantes contribuiu para o saldo no azul. 
Analistas afirmam que tanto o Paraná quanto o País tendem continuar em 2016 com volume financeiro em exportações acima das importações, mas que a recuperação regional tende a ocorrer mais rapidamente. Como o Estado é forte no agronegócio, setor cuja produção pode ser direcionada do mercado interno ao externo com maior agilidade, a tendência é que a agroindústria local gere mais empregos e renda do que em centros como São Paulo, forte em bens de capital. Por outro lado, há risco de pressão inflacionária, devido ao maior custo sobre insumos importados. 

Câmbio
Economista da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), Roberto Zurcher acredita que o Paraná deva voltar a se manter com saldo positivo. "Tivemos quatro anos com resultado negativo porque, mesmo com a reação das cotações das commodities, o câmbio estava desvalorizado", conta. A cotação da moeda norte-americana abriu 2015 em R$ 2,69 e fechou em R$ 3,90, diferença de 44,9%. 
Zurcher considera que a redução no consumo de produtos acabados importados e de combustíveis deve continuar em 2016, mas que a recuperação da economia tende a ser ser demorada. "Assim como demorou para ocorrer a substituição de insumos nacionais por importados quando o real ficou valorizado, o processo contrário também não é automático. Os contratos de comércio são de longo prazo e pode ser preciso contar com mais investimentos, porque alguns fabricantes de insumos talvez nem existam mais", explica. 
Para o consultor econômico da Associação Comercial e Industrial de Londrina (Acil), Marcos Rambalducci, a diferença no Paraná é a maior vocação para a agroindústria. "O Estado tem a perspectiva de direcionar nossa produção ao exterior mais rapidamente porque é forte no setor agrícola, ao contrário do que ocorre com São Paulo, por exemplo, que tem uma indústria de maior valor agregado", conta. 
Rambalducci lembra que a maior parte dos economistas prevê hoje a manutenção ou até a valorização do dólar em até R$ 4,20. "Isso torna inviável a importação, facilita a retomada da produção nacional e deixa o País menos vulnerável a algum ataque especulativo, porque mantém uma entrada maior do que a saída na balança comercial", completa. 

Peso negativo
Os analistas não descartam que o dólar na casa dos R$ 4 pressione ainda mais a inflação nos próximos meses. "Há pressão dos insumos importados para produtos que o País deixou de produzir diante da falta de competitividade, como os eletroeletrônicos", cita Zurcher. "No caso de alimentos, o câmbio elevado faz com que os produtores prefiram exportar e isso inflaciona o preço no mercado interno", completa. 


 

Fonte: Folha de Londrina